A cobertura da Itatiaia no 8 de janeiro de 2023

No dia 8 de janeiro de 2023, quando os prédios dos três poderes foram atacados em Brasília, a Itatiaia, como sempre, estava em cima do fato. Era um domingo em que eu estava no plantão para notícias de bastidores e meu colega de trabalho, também correspondente na capital federal, Jonathan Ferreira, estava no plantão da ordem do dia, o que chamamos de factual.

Desde as 10h da manhã, eu e a nossa coordenadora de jornalismo, Fernanda Rodrigues (sempre juntas nas coberturas mais difíceis), estavamos monitorando possíveis deslocamentos de militantes bolsonaristas que estavam acampados no QG do Exército. Por volta das 10h30, eu enviei uma mensagem para o plantão da Polícia Militar do Distrito Federal, perguntando se havia alguma previsão ou movimentação de manifestantes no sentido Esplanada dos Ministérios. O militar de plantão respondeu que os manifestantes do acampamento eram “responsabilidade do Exército”.

Pouco mais de três horas depois, o deslocamento estava dado e eu também me desloquei. Vencendo o temor da própria chefia e do meu marido, que estava apavorado com a possibilidade de eu entrar na multidão insandecida para fazer a cobertura, eu fiz o que todo repórter que respira notícia deve fazer: arrumei meus equipamentos, retirei a identificação de tudo, canopla de microfone, adesivo de celular e fui. Como se fosse possível, tentei tirar as ‘vestes do repórter’. Peguei uma camisa do Brasil em casa e saí.

A cena era inacreditável.

Milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, com camisas e bandeiras do Brasil, tomaram as ruas de Brasília e a Esplanada dos Ministérios, sem que fossem impedidos por qualquer autoridade policial. Em pouco tempo, estavam na Praça dos Três Poderes, invadindo o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.

Idosos, crianças, cadeirantes, gente orando, gente sangrando. Com o avançar do protesto e a depredação, as forças de segurança começaram a lançar bombas de efeito moral, inclusive, de aeronaves. Depois da ocupação, também ouve confronto por terra. Aos poucos, alguns dos invasores, principalmente homens jovens, retornavam da Praça dos Três Poderes com os rostos sangrando, atingidos por balas de borracha, mas incentivando as pessoas a não desistirem, como mostram vídeos feitos pela Itatiaia naquele dia.

Em outro ponto, mais distante, um grupo de senhores dizia que as bombas de efeito moral eram apenas despiste porque “A PM e o exército estão com a gente”. No entanto, alguns minutos depois a confiança dos manifestantes foi se desfazendo. Do meio pro fim da tarde, o clima começou a mudar, as Forças de Segurança começaram a cercar o Palácio do Planalto e eu tive que tomar uma decisão: sobre entrar no prédio ou permanecer fora dele. Segui meu felling, ferramenta importante para todo repórter. Pensei: ‘se eu entrar, e tiver um cerco, e bloqueio eu fico presa. Sem crachá, sem identificação de imprensa, com camisa do Brasil na cintura: seria difícil provar que eu não era manifestante’. Então eu decidi permanecer do lado de fora. Foi a melhor decisão que tomei. Poucas horas depois, começaram as prisões.

A Rádio Itatiaia foi um dos primeiros veículos do Brasil a noticiar as invasões e a depredação. Da hora do almoço até a meia noite estávamos lá. Da minha primeira entrada no Bastidores, com João Vitor Xavier, até a última, depois do noticiário das 23h. A toda hora o tempo todo. Sendo testemunha e narrando a história, bem diante dos meus olhos e embaixo do nariz. Exercendo um ofício por paixão e vocação, minhas e da Rádio de Minas.

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