Possíveis protestos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que não aceitaram a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estavam no radar das autoridades de segurança federais às vésperas do 8 de janeiro. Medidas foram tomadas no dia anterior dos atos antidemocráticos, mas, como se viu, foram insuficientes.
A Esplanada dos Ministérios foi fechada na manhã de 7 de janeiro de 2023. Na ocasião, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) informou que o trânsito foi bloqueado para receber as manifestações bolsonaristas previstas para o dia seguinte (8).
Horas depois, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, assinou uma portaria autorizando a utilização da Força Nacional na Esplanada dos Ministérios a partir daquele dia até 9 de janeiro. A norma autorizava o uso da tropa “na proteção da ordem pública e do patrimônio público e privado entre a Rodoviária de Brasília e a Praça dos Três Poderes, assim como na proteção de outros bens da União situados em Brasília”.
As medidas tinham uma razão: um protesto na Esplanada estava sendo mobilizado sem anuência das forças de segurança da capital federal. Na semana que antecedeu o 8 de janeiro, um convite para manifestação na Esplanada começou circular em redes sociais. Pelo WhatsApp, bolsonaristas prometeram “invadir” a capital federal por 72 horas.
Em 4 de janeiro, o portal “Metrópoles” registrou a mobilização. Os grupos bolsonaristas diziam planejar “cercar” Brasília e “parar tudo”, para que ninguém “consiga trabalhar”. O texto circulou por grupos de apoiadores do ex-presidente da República.
“É algo para nós: homens e mulheres que querem ver o Brasil livre das mãos de vagabundos. [Pessoas] dispostas a, se preciso for, levar gás na cara, cacete no lombo e ser preso, pois a ordem será o uso da força para conter nossa movimentação. Temos de resistir e estarmos prontos para o que der e vier”, declarou um apoiador.
“Além de todas as forças federais disponíveis em Brasília, e da atuação constitucional do Governo do Distrito Federal, teremos nos próximos dias o auxílio da Força Nacional. Assinei agora Portaria autorizando a atuação, em face de ameaças veiculadas contra a democracia”, escreveu Dino em uma rede social.
O ministro da Justiça defendia a retirada dos manifestantes que estavam acampados em frente a quartéis do Exército por todo o país. No início de janeiro de 2022, cerca de 300 pessoas seguiam acampadas em frente ao Quartel-Geral de Brasília. No entanto, ao longo do dia 7 de janeiro, ônibus com caravanas de manifestantes já chegavam ao local, aumentando o grupo.
Na tarde do dia 8 de janeiro, as sedes dos Três Poderes da República foram vandalizadas por manifestantes contrários à eleição de Lula.